Como é feito o cálculo das lentes intraoculares?
Em conjunto, o cristalino, a córnea e o comprimento axial formam os três elementos refrativos do olho, focalizando a luz no plano da retina. Contudo, quando esta lente, responsável por um terço do poder refrativo ocular, está danificada, o paciente apresenta um grande erro refrativo, que torna necessária a prescrição de óculos ou lentes para correção.
A história das lentes intraoculares, próteses muito utilizadas para a correção de catarata e outros problemas decorrentes da opacificação do cristalino, teve início ainda na Segunda Guerra Mundial, quando o oftalmologista britânico Dr. Harold Ridley identificou que as lesões oculares provocadas por estilhaços de plástico acrílico não causavam reações inflamatórias ou rejeição, diferentemente dos estilhaços de vidro.
A partir desta observação, ele iniciou uma extensa pesquisa, que o permitiu criar a primeira lente intraocular artificial do mundo através de um material plástico conhecido como Perspex (polimetilmetacrilato), implantada em fevereiro de 1950. Entretanto, foi apenas em 1981 que o uso deste tipo de prótese foi aprovado como um procedimento seguro e efetivo pelo órgão governamental americano FDA (Food and Drug Administration).
Desde sua descoberta, as LIOs têm sido constantemente aprimoradas, bem como os métodos para o cálculo do poder diótprico das mesmas, que tem como objetivo fornecer a lente adequada para as necessidades específicas de cada paciente. Atualmente, o exame utilizado para esta medição é a biometria, que pode ser realizada por dois métodos: ultrassônico ou óptico.
A biometria ultrassônica, também chamada ecobiometria, utiliza a ultrassonografia para determinar a medida do comprimento axial a partir do tempo em que os ecos emitidos pela sonda necessitam para ultrapassar as interfaces da córnea à retina e retornarem à sonda, o que varia de acordo com a densidade. É fundamental que uma boa anamnese seja realizada previamente ao exame, a fim de determinar o tipo de material mais indicado para a lente intraocular em questão.
Já a biometria óptica utiliza a luz para a medida do comprimento axial do globo ocular e das estruturas intraoculares. O método consiste no emprego de um feixe de laser infravermelho de 780 nm, emitido para um divisor de feixes constituído por dois espelhos, sendo um móvel e um fixo. O divisor gera dois feixes coaxiais, dirigidos para dentro do olho e refletidos na superfície anterior da córnea e no epitélio pigmentar da retina.
Neste caso, as medidas de profundidade da câmara anterior e do comprimento axial são feitas sem contato direto com o olho do paciente, evitando possíveis erros de cálculo decorrentes de uma aplanação inadvertida da superfície da córnea. No Hospital de Olhos, contamos com dois métodos para o cálculo das lentes intraoculares: o IOLmaster 500, para a realização da biometria óptica, e o OcuScan Ultrassônico, para a ecobiometria. Em caso de dúvidas, não deixe de consultar o seu oftalmologista!